quarta-feira, 14 de outubro de 2009

The stairs



"Eu acho que ninguém vai ler isso. talvez eu nem esteja escrevendo e seja outro sonho como aquele. Eu sonhei que..."
Eu o vi caindo da escada, aquele meu amigo; senti seu baque surdo quando seu corpo tocou o chão frio, e o barulho que fez suas mãos ao espalmarem o solo. Gosto de química, uns comprimidos pra dor, talvez, tomados aos montes que agora espalhavam um gosto horrível de morte pela boca. Essa era a causa da tontura e da coragem...não, a coragem veio antes, enquanto chorava. Os bons covardes (se é que isso existe) choram muito, sabia? De rancor, de vergonha, de...covardia. (!)
Enfim, era o que estava acontecendo. Eu estava lá. E eu vi quando uma mulher se aproximou e aninhou aquela cabeça moribunda entre os joelhos. Espere, eu estou dentro daquele corpo, mas estou assistindo de fora. Eu vejo e eu SINTO. As lágrimas dela caiam quentes no meu rosto (no dele?) e seus gritos...
-"Minha cria! Meu útero! Agora se perdeu! Por que você fez isso, infeliz?"
Ah! Seus gritos furariam qualquer coisa que pudesse ouví-los! E partiriam cem corações que se pusesse a ficar ao seu lado, com um corpo morrendo em seu colo. Por quê?
"Me desculpe, não pude conter. Vou parar de chorar, espere um pouco."
Mas é tão triste, não vê? Esses degraus, que foram descidos em meio segundo, um tempo quase divino (ou não). Esse...sangue que não jorra de jeito nenhum, assim como todo esse oxigênio!
"Não consigo respirar...o que está havendo?"
E...olhe só a luz dessa ambulância! Vermelho parece esperança aqui. Lá se vai meu amigo, com a mulher chorando ao seu lado, e pares de mãos tentando costurar sua alma de volta. Uma comédia.

"Espere! Eu não consigo rir!"

Humm...sabe que esta mulher se parece com a minha mãe?

"Não...está doendo! pare pare!"
-" Salvem esta vida, pois que fui eu que a pus no mundo!"
"Pare de chorar mãe, pare! Eu..não quero ver isso!"
Eu...
...morri?
Consegui? Não era ele? Era eu?...
...Que bom.
Chega de escadas.

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